FESTA DO BOM JESUS
Nos
idos mil novecentos e cincoenta até os anos sessenta, realizavam-se grandes
festas em louvor ao Bom Jesus, padroeiro de Ribeirão Vermelho do Sul.
O
ponto principal, e mais esperado da festa era a carruagem, quando várias
carroças carregadas de lenha, eram doadas para serem leiloadas.
Os
animais eram enfeitadas com bandeirinhas de várias cores fixadas nas
“coalheiras e tapas” como eram denominados os arreios pelos quais os animais
eram atrelados às carroças.
Como
na época , ainda não havia fogão a gás, e todas as casas usavam fogão de lenha,
as carroças e carros de boi carregados de lenha, eram disputados no leilão,
levando-os aquele que fizesse a melhor oferta.
As
festas daquela época, eram abrilhantadas pela banda de música, que era formada
por músicos da própria cidade, entre eles, Lázaro Rocha, Dante Biglia,
Rochinha, Adolfo Benk, Jacinto, Ziquinho, Chede, Zé Biglia, Santino, Edmundo,
Zé Paiva, Dito Paiva, Pedro Carlos e na percussão: Zé Costa, João da Laurinda,
Adolfo da Deolinda, Dito Lebre entre outros, me perdoem se não me lembrei de
alguns.
Em
uma destas festas, os festeiros, Dito Rezende e sua esposa, dona Julia, donos
de uma pensão na cidade, recebiam as prendas e atendiam a todos os que
chegavam, com aquela educação e simpatia que lhes eram peculiares.
Lá
no coreto, a bandinha que era chamada carinhosamente de “furiosa”, executava um
dobrado atrás do outro,
De
repente os percussionistas começavam a cantar:
“Senhor festeiro
está na hora
mande o conhaque
aqui pra fora”
Isso
se repetia várias vezes, até o festeiro mandava um litro de conhaque, que era
consumido rapidamente.
Pouco
tempo depois, novamente se ouvia.
“Senhor festeiro
está na hora
mande o conhaque
aqui pra fora”.
E
lá ia o Zé Maguidala: “Nho Dito, Nho Dito, os tocado tão quereno mais
conhaque”.
__”Otra
vez”, Respondia o festeiro, “eles que vão tomá no fioti, assim eu não agüento,
leve esse litro preles e fale que chega”.
O
maguidala ia servir os músicos, na esperança de beber uns goles também.
Passado
algum tempo, voltava o Zé Maguidala:”Nho Dito, Nho Dito, e pro sinhor mandá
mais conhaque”.
__E
o Dito Rezende esbravejava:”Puta que pariu, eles que vão tomá no burco, num há
o que encha o bucho desses beudos”.
Mas
a dona Júlia intervinha: ”Dito dê o conhaque preles, se não eles não vão tocar
na procissão amanhã”. Ela se ia mais um conhaque, e assim transcorriam as festas
em louvor ao Bom Jesus, padroeiro de Ribeirão Vermelho do Sul.
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