MENINO ESPERTO
Pelas
duas horas da tarde , o Raul chegou em casa, sentou-se no banco na cozinha,
limpou o suor do rosto e, com voz embargada exclamou:
__Pois
é veia, vou te que vender um dos cavalo da pareia, pra paga o banco, pois não
consegui receber o dinheiro da venda dos porcos, o açougueiro pediu mais quinze
dias de prazo.
__E
veio, mas si vende os cavalo os guri vai achá ruim, pois eles vão te que anda a
pé.
__Mais
faze o que? Muié, amanhã , bem cedo o Bastião Correia vem vê os animais.
Tomara
que os guri não atrapalha o negócio.
No
outro dia, lá pelas oito horas, chegou o Sebastião, montado na sua mula ruana e foi logo
cumprimentando.
__Dia,
Raur, eu vim vê os cavalo, mas eu só posso compra um, tá bão?
__”O
ce que sabe, o seu borso é meu guia”, respondeu o Raul.
Quando
eles estavam olhando os animais, chegou o Nego, um dos filhos do Raul e logo
foi choramingando:
Oia
pai, si o sinhor vende o cavalo branco eu si mato, venda o cavalo preto qui é
veiaco, aisco pra pega, ruim pra serviço, coicero e pioiento, num venda o
branquinho, si não eu si apincho no riu e num vorto nunca mais.
O
Raul, olhou espantado para o filho pois todos os defeitos que ele atribuía ao
cavalo preto era o branquinho que possuía e ficou pensando “será que o menino
tá maluco”.
O
Sebastião Correia, ouvindo aquilo logo se decidiu: “Oia Raur, eu compro, mas só
se for o cavalo branco, pago mais e a vista por ele”.
Fecharam
o negócio, foi feito o pagamento e lá se foi o branquinho atrelado à mula do
Sebastião Correia.
Passados
alguns dias, apareceu de volta o Sebastião, todo esfolado, com o braço
enfaixado, mancando e puxando o cavalo branco.
Quando
o Raul viu quem chegava, foi logo falando.
__”Eu
não desmancho negócio, e não aceito devorvê animar qui eu vendi”.
__”Eu
também não desmancho negócio qui eu fiz, sô homem de palavra”, retrucou o
Sebastião.”Eu só vim aqui, pedi pro ce mi imprestá esse caipora desse guri, pra
mi ajudá a vende esse mardito cavalo bardoso.
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