ESPERANDO
Lá pelos anos
mil novecentos e cinquenta a cinqüenta e oito, migraram para o Ribeirão
Vermelho, inúmeras famílias vindas das Minas Gerais, principalmente da região
de Perdões e cidades circunvizinhas.
Entre outros
vieram o Trajano , o Teinha, o Tonho Ferreira, o Bituruna, o Tião Messias,
Benfica o Locrácio, o Danilo, o Ferminão, o Gustavo, o Valeriano, o Geraldo
Serrador, o Tonho Zerica, o Zé Horácio, o Zé Domingues, o Zequinha, o Noca, o Bastião Aia, o Zé Venerando, o Tião
da Maura, o Alcidão e suas respectivas famílias com numerosos filhos.
Veio também o
Zico Mineiro, trazendo a esposa dona Maria e seus filhos.
Como estavam
acostumados em uma cidade mais movimentada que a pacata Ribeirão Vermelho, as
mães ralhavam com as crianças quando estas estavam brincando nas ruas, onde
raramente passava alguma condução, pois na época só havia na cidade três
automóveis, cujos donos eram o Nelson do Doca, o Ramos, um fazendeiro de café e
o Aparecido Lúcio que foi o primeiro prefeito da cidade.
Haviam também
três caminhões, um do João Paulino, outro do Fabrício, e outro do Atílio
Coluço, mas mesmo assim as recém chegadas mães, não deixavam seus filhos
brincarem nas quase desertas ruas.
Um belo dia, a
dona Maria chamou um de seus filhos. “Landinho, venha cá”.
__O que mãe? O
que a senhora quer?
__Vá lá na
padaria do Sô candim. (Como era chamado pelos mineiros o Chico Candinho) e
compre umas roscas que a Carula faz, mas, cuidado pra atravessar a rua, viu,
espere o tomove passar, depois você atravesse viu?
__”Ta bom mãe
ta bom” e lá se foi o saltitante menino.
Passou um bom
tempo e o menino não voltava. Preocupada com a demora do filho , a dona Maria
foi procurá-lo. Quando virou a esquina ela viu o menino sentadinho na sarjeta e
perguntou.
__O que o ce tá fazendo aí? Landinho, porque ocê tá
demorando, filho?
__Ô mãe, “
respondeu o menino: “ A Senhora não falo qui era pra espera o tomove passa pra
daí eu atravessá a rua? Pois até agora nenhum carro passo”.
__ É meu fio ,
você vai ser um home muito inteligente, si Deus quizé!
Nenhum comentário:
Postar um comentário