sábado, 21 de dezembro de 2013

As Margem do Ribeirão Vermelho com João Leitão nº3

                 
                            O BAILÃO DO JOÃO ARRUDA



Nos anos cinqüenta, quando Riversul ainda se chamava Ribeirão Vermelho do Sul, realizavam-se memoráveis bailes que eram chamados bailes familiares, pois eram realizados nas casas, onde as famílias recebiam seus amigos, para dançarem em amplas salas da residência.
O sanfoneiro Waldomiro Silva, acompanhado pelos clarinetistas Dante Biglia e Lázaro Rocha, pelo Richardi no cavaquinho, Nazir Costa no violão e o João da Laurinda no pandeiro, tocava lindas valsas do Zequinha de Abreu: como Branca, Zardes de Lindóia, Rapaziada do Brás e os chorinhos Bicho Carpinteiro, Lico Ticono Fubá e os vários sucessos da época, entre os vários acordes.
Em um sábado, o João Arruda e sua esposa dona Maura, abriram  as portas de sua residência, para os amigos dançarem um animado baile em sua ampla sala de visitas.
O baile corria animado, quando o João Arruda decretou: “ Agora é a hora do “Quero Mano”, que consistia no seguinte: o sanfoneiro tocava um arrasta-pé, e dava freqüentes parada na música, e nestas paradas, do par que ficava frente á frente com o sanfoneiro, o cavalheiro era obrigado  a recitar um verso.
E os versos eram mais ou menos assim.

“Eu plantei o roxo n’ água
 e o azul na beirinha
 Quem quizer que colha o roxo
 Que o azul é planta minha”

A música continuava, nova parada e novo verso:

“No alto daquela serra
 rola pau, rola pinheiro
 Quem não sabe dizer verso
 Não estorva o companheiro “

Dali a pouco mais um verso:

“Garrafão tem fundo largo
  Botija não tem pescoço
  Pedaço de telha é caco
  Banana não tem caroço”

Nova parada e as mulheres
Também eram homenageadas:

“ As mulheres quando se reúnem
   a falar da vida alheia
   começam na Lua Nova
   e terminam na Lua Cheia”


Nova parada na música e outra homenagem à rainha do lar:

“ A mulher foi feita da costela
   e nos dá tanta alegria
   já pensou se fizessem ela
   de uma carne mais macia”?

Chegou a vêz do Zé  Maguidala que dançava com a Isabel, sua colega de trabalho na padaria da dona Ironi. Ele pigarreou e lascou esse verso:

“Lá no arto daquela serra
  tem um pé de carrapicho
  Quem ponha a mão por  baixo
  Pega na barba do bicho”.


Coitado do Zé ficou sozinho, a dama largou-o no meio da sala e saiu furiosa esbravejando: “Ô home sem vergonha , falano deboche no meio do povo, home desprovado, só serve pra invergonhá a gente! Onde se viu falá im pegá na barba do coisa feia?”
Após muitas risadas, o baile continuou e o Maguidala ficou matutando: “O que foi qui eu falei errado, prela largar eu sozinho no meio da sala?”.





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