domingo, 2 de fevereiro de 2014

As margem do Rib. Vermelho m J. M. da Silva

                            PRA SE PENSAR



                                                                          “Esta história, verídica, serve
                                                                           como exemplo, para pessoas que
                                                                           se degladiam, por não respeitar
                                                                           direitos e sentimentos do próximo .
                                                                            Para evitar constrangimentos, os
                                                                            nomes verdadeiros,foram substituídos
                                                                            Por nomes fictícios:

                   FINAL INFELIZ        


Dois irmãos, Antonio e Francisco, que se davam muito bem, desde os tempos de escola até ficarem adultos, demonstravam a grande amizade que os unia.
O Francisco, bom de bola, tinha no Antonio seu maior torcedor;quando marcava um gol, seu irmão entrava em campo para abraçá-lo, quando fazia uma bela jogada, seu irmão o aplaudia, quando perdia um jogo, o irmão logo o consolava e punha a culpa no juiz ou em seus companheiros.
Quando o Francisco se casou, fez questão de levar o Antonio como padrinho e tomava sua benção toda a vez que encontravam.
Ao nascer o primeiro filho, o Antonio foi convidado a batizá-lo e os  irmãos passaram a chamar –se compadres.
Todos os domingos se reuniam para irem à missa, depois almoçarem juntos, para á tarde irem ao campo para uma partida de futebol, ou então, iam para aquela pescaria.
Aquela amizade, cada dia aumentava e foi muito linda, até que, um dia, a política os separou, pois dizem “a política é uma arte de separar os amigos e unir inimigos”.
O Antonio optou por votar na U.D.N. cujo candidato, Prestes Maia era bom administrador e honesto, segundo seus seguidores.
Quanto ao Francisco, decidiu-se pelo candidato do P.S.P. Adhemar de Barros, de quem diziam. “Rouba mas faz”.
E Como na política, quem não está comigo, está contra mim, e quem ganhava as eleições, costumava fazer festa e insultar o perdedor, os irmãos, antes tão amigos, acabaram ficando mal um com o outro e tornaram- se inimigos.
Passaram-se os anos, a velhice chegou e com ela a doença, mas os irmãos não se reconciliavam. Nem mesmo a intervenção do padre Roberto conseguiu quebrar a dureza dos corações dos irmãos, pois um sempre culpava o outro pela desavença.
Um dia, o Francisco bastante doente, quase cego e sem poder levantar-se de seu leito de dor, aceitou receber a visita do irmão para fazerem as pazes.
Quando o Antonio adentrou o quarto, onde o irmão estava acamado, os dois se abraçaram e choraram muito. Após isso, o Antonio exclamou:
__Pois é compadre, quanto tempo nois dois perdemos, quantos domingos nos deixamos de passar juntos por causa da maldita política!
__É compadre, quanta burrice, me perdoe, compadre, pela minha ignorância.
__Não, compadre, é o senhor que tem que me perdoar pela minha maldade.
E , assim, reconciliado e feliz o Francisco propôs:
__Compadre, eu quero que o senhor e a comadre venham almoçar comigo no domingo, como nos velhos tempos.
__Pode esperar, compadre, nos viremos, se Deus quizer.
Mas infelizmente o almoço, combinado não se realizou: a morte do Francisco não permitiu a confraternização.
Eis o que é digno de nota: nem o Prestes Maia da U.D.N veio consolar o Antonio que chorava copiosamente pela, pela perda do irmão, e nem o Adhemar de Barros do P.S.P veio ajudar a carregar o caixão com o corpo do Francisco, na hora do seu sepultamento.
                           





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