O CONTADOR DE HISTÓRIAS
As crianças que brincavam no
terreiro da fazenda, pararam ao ouvir uma cantarola que vinha do caminho da
roça.
- “ É o nho
Honório que vem vindo”, falaram os meninos, “ele vai ter que contar mais uma
história pra nós.”
E, lá vinha o velho Honório,
todo suado, com a enxada sobre os ombros sujos pela terra da lavoura, e cantando:
“No tempo da chuvarada
Eu fui passiá no pirizá
Na casa da sapaiáda
Que quando me viram
Viero encontrá”
“ A sapa
veia, muié do sapo
diz que o sapinho tá muito fraco
E o sapo véio,
marido da sapa
Mascano
trapo, ispumano a boca
De tanto
pensa.”
“Lá na porta da cozinha
uma sápa gorda me deu
sina
eu falava de i
simbora
ele dizia pra mim
ficá
póze aqui, qui nóis
dorme junto
interrado qui nem
difunto
no meio do pirizá”.
“ Cruiz
credo, ave Maria
dormi cum
sapa da perna fria
e quando
amanhece o dia
fica
catingando curimbatá.”
As crianças correram ao
encontro do velho Honório, e, após aplaudirem
a música cantando com voz rouca e desafinada, logo cobraram o aplauso:
- Nho Honório o
senhor tem que contar uma historia para nós.
- “Mas,
meninos”, respondeu o velho, “eu preciso tomar banho e jantar, pois eu to
morrendo de fome”.
- ” Espere ai”,
falou um dos meninos que saiu correndo em direção à cozinha, logo voltando com
um belo pedaço de pão e uma caneca com café com leite que entregou ao bom
velhinho.
Sem ter argumentos, e após
comer o pedaço de pão e beber o café, ele se sentou na mureta que cercava o terreiro e cercado pela garotada
curiosa, começou sua narrativa:.
“ Certa vez, um velho convidou seu
neto para ir à cidade com ele, fazer compras.
Montaram no burro que o
velho tinha, e lá se foram estrada a fora.
Ao passarem pela primeira
venda, às margens da estrada, alguém comentou:
- Tão querendo
matar o pobre animal onde se viu dois marmanjos montados num pobre burrinho?
O velho exclamou: “ Eles tem
razão, meu neto, como você é jovem, voce desce e vai a pé e eu continuo
montado”.
Logo ao passar por outra
vendinha, ouviram este comentário.
- Que pouca
vergonha, um baita homem a cavalo e o pobre guri a pé?
O velho concordou:
- É meu neto,
eles tem razão, monte você no burro e eu vou andando.
Logo encontraram umas
pessoas e comentaram.
- É o fim do
mundo! Um baita rapagão a cavalo e um pobre velhinho a pé.
O velho pensativo falou ao
neto:
- Deça daí ,
meu neto, vamos os dois a pé e vamos puxar o burro.
Ao encontrar com outras
pessoas, estas falaram:
- Vejam que
dois tolos, um baita burrão , gordo e forte e os dois tontos andando a pé.
Então o bom velhinho
desabafou:
- Para
contentar essa gente, eu acho que teremos que carregar o burro.
Moral da história: Por mais que você
faça nunca contentará a todos.
As crianças ouvintes
aplaudiram o nho Honório e pediram outra história, mas o velho decretou.
- Só depois que
eu tomar um bom banho e saborear uma gostosa janta, contarei outras histórias.
Linda estorinha,eu conhecia,mas foi bom relembrar, Nhô Honorio,que lindeza de contador . Parabéns <Sidinei por nos presentear com suas façanhas.
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