quarta-feira, 19 de março de 2014

As Margem do Ribeirão vermelho co J. Maria da Silva n°22

  









O NOME DA DOENÇA



                   Naquele dia, o Honório não pode ir trabalhar, amanheceu chovendo e o trabalho na lavoura para quando chove, pois a terra encharcada não permite desenvoltura aos trabalhadores.
                   Aproveitando então para descansar, ele pensava ficar até mais tarde na cama, mas enganou-se, logo ouviu alguém chamá-lo.
- Levanta nho Honório, nós trouxemos um delicioso café pro Senhor, e se o senhor não abrir logo esta porta nós vamos ficar encharcados, pois está caindo uma garoa fria!
- “ Acabou o meu sossego” resmungou o velho, “ não dão tempo nem de rezar pra me levantar”.
                   Mas, como gostava muito das crianças, e como ouviu que traziam um delicioso café, o velho logo se levantou para receber os visitantes.
                   Enquanto tomava o café e comia uma grossa fatia do saboroso bolo de fubá trazido pelos meninos, ouviu a seguinte pergunta.
- Quanto tempo o senhor esteve na escola?
- “ Eu nunca fui à escola”, respondeu o velho “ No lugar onde eu morava não tenha escola” e continuou .“ Lá havia um homem bastante letrado, que era contratado pelos país para ensinar as crianças, e as aulas eram dadas nas próprias casas, este professor ambulante era chamado “Mestre escola, e com ele aprendi o pouco que sei”.
- E como o senhor conseguiu livros para ler estas histórias que o senhor sabe contar”
- O próprio “ Mestre – escola” me emprestou alguns entre eles um de autoria do Cornélio Pires, “ O samburá”, onde li um causo que vou contar a vocês, a história é mais ou menos assim”.
                   Um homem, trabalhador, ficou doente, foi tomando remédios caseiros e nada adiantava, procurou  benzedores e nada conseguia curá-lo, foi ao boticário, como eram conhecidos os farmacêuticos da época e nada de melhorar.
                   Cansado de tomar remédios em vão , resolveu ir ao médico. Arriou seu cavalo e foi estrada a fora procurar o doutor que morava em uma cidade próxima.
                   Após passar pelo médico, comprou os remédios e voltou para casa, mas ao chegar, a esposa notou que ele estava triste e preocupado, e perguntou:
- E daí? O que que o médico falo que ocê tem?.
- “ chi muié” respondeu o marido, “ O médico falo qui eu to cuma doença isquisita, é o tar de chifre do rei da Itália.”
- “O que é é ? esbravejou a esposa. “Esse médico falo que eu to pôno chifre no ce? Inda mais quesse tar de rei da Itália?. O que esse mardito ta pensano...? Qui eu sô biscate?
- Num é nada disso véia, é só o nome da doença!
­- “Nada disso? “ tornou a mulher, “E ôce inda da razão prele?, vamo agora lá falá cum ele”.
                   Ela se foram o casal conversar com o médico, chegando lá, a mulher já foi perguntando.
-Dotor, é verdade qui o sinhor falo que o meu marido ta sofreno um tar de chifre do rei da Itália?
- “Como é mesmo o nome da doença?” perguntou o médico, rindo muito.
- Isso mesmo: chifre do rei da Itália!
- “ Não, minha senhora”, atalhou o médico, “ está havendo um engano, não é chifre do reio da Itália, seu marido está com sífilis hereditária!”.
                   E a mulher muito chateada resmungou... “ah, é,?...intão foi ingano?...num tem nada de chifre?... discurpe...” e olhando séria para o marido ameaçou. “ Lá em casa nóis acerta”.
                   E os meninos após rirem muito, se despediram do nho Honório e sairam correndo em direção à casa grande.


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