O FALSO CONFESSOR
OBS:
Não sei se esta história é verdadeira, mas se realmente aconteceu, deve ter
sido muito engraçada, e vou contá-la , do mesmo jeito que me contaram.
Chegou
um circo na cidade e foi um alvoroço, a criançada na esperança de ganhar um
ingresso, abordava cada componente da trupe.
Dentre
todos os artistas, o jovem acrobata foi o mais bajulado, e logo os meninos o
convidaram para ir ao catecismo e a igreja, mas o jovem respondia: “ Ir lá
fazer o que, se eu nem sei rezar?”.
“Mas
isto é fácil”, responderam em coro os meninos, “ nós ensinamos, e além disso,
tem a Lazarina, a Ditinha do Zé Caetano e o João Lino que dão aulas de
catecismo, que irão ensinar você”.
Como
o rapaz simpatizou com a boa vontade dos meninos, resolveu aprender a rezar ali
mesmo com eles.
Após
meia hora de treinamento , ele já havia aprendido o Pai Nosso e a Ave Maria e
então falou: “ Por hoje chega, agora vamos buscar o pão”.
__”Que
pão?” perguntaram os meninos.
__Ué,
vocês não ensinaram que o pai dá um pão todos os dias.
__Não,
aquilo é só o jeito de rezar, seu tonto.
__”Bem,
então não valeu nada eu aprender a rezar? Disse o rapaz.
__Valeu
sim, agora vamos levar você para confessar.
__Confessar?
O que é isso ? Eu nunca ouvi falar disso!
__Confessar
é você contar os seus pecados ao padre e ele perdôa você.
__”Mas
eu não sei o que é pecado” falou o moço.
__”Não
importa”, responderam os meninos, o padre ensina você.
__Ah,
não vai dar certo, eu não estou gostando nada disso”.
__”Não
seja teimoso” insistiram os meninos:” nos levamos você na igreja”
Chegando
à Igreja, encontraram o João Lino, sentado em um banco, rezando o rosário; Após
os meninos perguntarem pelo padre, ele informou que o padre tinha ido a
Itaporanga, visitar a Abadia e que só voltaria no dia seguinte.
Quando
o rapaz se dispunha a ir embora, os meninos o impediram e disseram:
__Nada
disso, aproveite agora, o seu João Lino ensina você a confessar, e quando o
padre estiver aqui, você já sabe como fazer.
“Bem”,
concordou o moço, “ vamos ver como termina tudo isso, espero que de certo”.
O
João Lino, católico fervoroso, chamou então o jovem, levou-o até o
confessionário e disse : “ Olha , você ajoelha aqui e eu vou entrar ali dentro
como se eu fosse o padre, e vamos fazer de conta que fazemos a confissão, eu
pergunto e você responde”.
Após
se instalarem nos devidos lugares, começou o diálogo, que deve ter sido mais ou
menos assim.
__”Filho,
conte seus pecados”, falou o falso padre.
__Não
sei, eu nem sei o que é pecado, eu nunca entrei em uma igreja, hoje que estes
meninos lambetas me trouxeram aqui.
__Isso
não importa, vou te ajudar, o que você faz na vida?
__”
Trabalho no circo”, respondeu o moço.
__E
o que você faz no circo?
__Eu
sou trapezista, trabalho no trapézio.
__Bem,
apesar de você correr o risco de se machucar, eu acho que não é pecado, e o que
mais você faz?
__Eu
conto piadas, também sou palhaço.
Enquanto
os dois ensaiavam a confissão, chegaram á igreja, a Rosa Costa, a Maria Felipe
e a Ana Loca, que vendo o jovem no confessionário pensaram que era o padre que
estava no confessionário, e resolveram aproveitar para também fazerem a
confissão.
Enquanto
isso, no confessionário o diálogo continuava.
__”O
que mais você faz lá?” perguntou o João.
__”
Eu planto bananeira” falou o moço.
__Plantar
bananeira? O que é isso?
É
fácil: eu ponho as mãos no chão, ergo os pés pra cima, e ando com as mãos no
chão.
__”È
, isso eu nunca vi”, falou o João Lino: “Nem sei se o padre vai achar se é
pecado, você é capaz de fazer isso aí para eu ver?”
“È
pra já” respondeu o moço, “ com sua licença”.
E
logo em seguida, o rapaz pôs as mãos no chão e saiu andando com os pés para o
alto.
Enquanto
isso, as três senhoras, que estavam esperando a vez de confessar, e sem saber
que tudo não passava de uma farsa, olharam atônitas e uma falou para as outras:
“Comadre, vamos simbora, óia a pinitencia qui o padre tá dano, i eu num to
privinida”. E lá se foram ás pressas as três comadres.
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